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Excesso de peso de veículos em rodovias é tema de estudo e convênio entre Unicap e governo de PE

outubro 8, 2019 Tags: , , ,

Quase metade das mortes registradas em estradas do país aconteceu após um acidente envolvendo um caminhão. O dado é do Atlas de Acidentalidade no Transporte Brasileiro, que aponta o excesso de peso dos veículos como um dos motivos das colisões. Para ajudar no enfrentamento ao problema, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e o governo do estado, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, firmaram um convênio de cooperação técnica na tarde desta segunda-feira (7). Um estudo será realizado no estado e vai pesar veículos grandes para identificar possíveis excessos de carga e informar os danos causados pelo excedente nas estradas.

A coleta de dados para a pesquisa será realizada na PE-90, que liga Carpina, na Mata Norte do estado, a Toritama, no Agreste. A rodovia tem um fluxo intenso de caminhões por causa do polo têxtil do estado. Duas balanças foram doadas pelo Complexo Industrial Portuário de Suape. Os equipamentos serão usados para registrar o peso de caminhões que passam pela rodovia estadual nos dias entre os dias 22 de outubro e 1º de novembro. Policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) vão dar apoio ao estudo, parando os veículos em três pontos: entre Carpina e Limoeiro, entre Limoeiro e Surubim e entre Surubim e Toritama. A pesagem dura cerca de três minutos.

O estudo será coordenado pelo engenheiro civil e professor da Unicap Maurício Pina. “Vamos coletar esses dados e, a partir deles, mostrar o que esse excesso provoca de danos ao pavimento, quanto da vida útil dele é reduzida por causa disso, para que não aconteça de uma obra de recuperação do asfalto seja feita para 10 anos e com dois, três anos já esteja danificada”, pontuou Pina.

Ele orienta três estudantes da pós-graduação em projeto e construção de rodovias da Unicap que vão realizar a pesquisa: Arnaldo Lapenda Júnior, 28; Vanessa Rodrigues, 29, e Palloma Moura, 24. “Será o nosso trabalho de conclusão de curso e esperamos entregar um estudo de relevância para o poder público e a sociedade”, disse Arnaldo. “Vamos analisar os três trechos da PE-90 com o apoio da polícia. A ação será educativa. Não terá caráter punitivo. Os dados servirão apenas para a pesquisa”, completou Vanessa. “O trabalho será situado em um problema real. O objetivo é produzir um conhecimento que tenha impacto na vida das pessoas”, destacou Palloma.

“É um estudo muito importante, que será realizado por meio deste convênio. O estado entra com toda a infraestrutura necessária para a pesquisa, que vai avaliar o peso dos veículos de grande porte. Esse levantamento vem com a ideia de trazer uma análise do peso que trafega nessa via, que foi dimensionada para receber um determinado tipo de carga. Um peso maior em uma estrada faz com que haja um dano mais rápido e mais aprofundado no pavimento, e um pavimento degradado ocasiona acidentes e impacta negativamente na mobilidade”, afirmou a secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos do estado, Fernandha Batista.

Pernambuco tem uma malha viária de 5.554 quilômetros de extensão. São 365 rodovias. De acordo com a secretária, o objetivo do estado é ter este estudo como o primeiro de vários para compreender melhor como o excesso de peso tem impactado nas rodovias que cortam o território pernambucano. “O estado tem buscado não só implantar um sistema de gestão de pavimento como também atualizar o formato de dimensionamento do pavimento, ou seja, como construir obras que tenham uma durabilidade significativa e que tragam segurança no tráfego dos usuários de cada rodovia”, ressaltou Fernandha.

O excesso de peso deixa os veículos, principalmente os de grande porte, instáveis, aumentando o risco de tombamento. A carga excessiva também aumenta o tempo de frenagem e provoca sobrecarga nos freios, podendo causar o colapso do breque. É uma infração que coloca em risco não só o condutor do caminhão, mas motoristas e passageiros de veículos leves, motociclistas, ciclistas e pedestres.

“Os danos causados pelo excesso de carga são assustadores. Um caminhão pesado é capaz de produzir grandes danos. Existe no Brasil a lei da balança, de 1961, que estabelece a carga máxima permitida para cada tipo de eixo. No entanto, há mais de 20 anos, deixou-se de fazer essa fiscalização efetiva. Em Pernambuco, existiam três postos fixos, um em Igarassu, um em Moreno e um em Ribeirão. Esses postos foram fechados após um acordo feito pelo governo federal, na época, para acabar com uma greve de caminhoneiros”, explicou Pina.

Um levantamento da Agência Nacional do Transporte de Carga (NTC) mostrou que o excesso de carga de 10% aumenta em 46% o desgaste da pista e diminui em mais de 30% a sua vida útil. O peso acima do permitido causa ainda buracos que comprometem a segurança dos veículos que trafegam nas estradas. “A academia, em vez de ficar estudando apenas a teoria, deve trabalhar a partir de problemas concretos e de interesse público, com soluções possíveis do ponto de vista teórico e aplicação prática”, enfatizou o reitor da Unicap, padre Pedro Rubens.

Fonte: Portal de Notícias Diário de Pernambuco

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