A oferta de frete mais alto para a descarga de grãos no Porto de Imbituba gerou uma situação insustentável nas proximidades do terminal. Filas de caminhões e motoristas dormindo na beira da estrada, sem um local adequado para tomar banho e fazer as refeições. Além disso, os preços da comida quase dobraram nos últimos dias.
O motorista de Rondônia, Marcelo Cadilhac, que carregou soja em Campo Novo do Pareci (MT) para o terminal do Sul do estado, estava revoltado na manhã de hoje, depois de quatro dias na rua esperando a sua vez para o desembarque. “Só volto aqui depois que isso virar um porto de verdade. Aliás, a minha sugestão aos administradores de Imbituba, é que conheçam o terminal graneleiro de Rondônia para saber o que é um porto. Todo mundo acha que o nosso estado é lá no fim do mundo, atrasado. Isso aqui é que do tempo da pedra lascada”.
O presidente da Fetrancesc, Pedro Lopes, esteve no Porto para tentar achar uma solução. Disse que o terminal só tem capacidade de descarregar 10 veículos por dia. E a capacidade de armazenagem é de 30 mil toneladas, mas chegaram de uma só vez 600 mil toneladas. Então, por que fez propaganda para receber grãos que deveriam ter como destino os portos de Paranaguá (PR) e São Francisco (SC), questiona ele.
Na reunião com o diretor do Porto, Luiz Rogério Gonçalves, Lopes disse que a administração do terminal foi surpreendida com esse volume de carga trazido por um terminal privado que opera lá dentro. O presidente da Fetrancesc também destacou que esse movimento teve reflexo no Porto dada à pequena estrutura. Os motoristas estão no acostamento, situação irregular. E quanto entram no posto de triagem pagam diária de R$ 40,00 antes era R$ 18,00. As refeições subiram de R$ 8,00 para R$ 15,00. O profissional tem os custos elevados e a viagem gera prejuízo.
“Os motoristas estão jogados na estrada, o produto já está tendo a qualidade comprometida e os motoristas tentando achar uma carga de retorno para amenizar o problema. Como podem oferecer o terminal para receber as cargas se não tem capacidade”, pergunta Lopes. Isso representa mais prejuízo para o transportador que não é arcado pelo embarcador e nem pelo comprador, pois o frete é acertado antes da viagem.
Cadilhac afirmou que a demora se dá porque o porto de Imbituba não tem equipamentos e nem a estrutura adequada para fazer a descarga. Segundo ele, o caminhão ainda descarrega pelas bicas, quando veículo abre a carroceria, a soja cai no chão vazado. Depois disso, o veículo preciso ser rebocado, pois fica atolado no meio do monte de grãos e depois ainda tem o escoamento que não é por esteira.
Demora uma hora para cada operação. O correto é o tombamento e depois as sementes seguem por esteiras que levam diretamente ao silo ou ao navio, serviço feito em 10 minutos. Por isso, são descarregados somente 30 veículos por dia. Em Rondônia, afirma o motorista são 30 caminhões por hora. “Só vim a Imbituba porque o frete na volta compensa mais que se fosse para São Paulo e Paraná, além de menor risco de roubo, menos pedágio, mas não posso aceitar dormir na rua, sem comer e sem tomar banho. Tomamos banho de cueca numa obra, foi o único lugar que achamos aqui”, lamenta o motorista de Rondônia.
Lopes disse que vai ser realizada uma reunião na SC Parcerias na terça-feira, às 18 horas para tentar encontrar uma solução para o momento e fazer um planejamento para médio e longo prazo. “Como aumento da safra neste período, os caminhões viram silo no Brasil sem serem remunerados por isso”, lamenta Pedro Lopes.
Fonte: Assessoria FETRANCESC
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