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Melhoria do asfalto compensa o pagamento do pedágio

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A licitação de seis lotes de rodovias – que somam 4,8 mil km em trechos que interligam o Sudeste e o Centro-Oeste e irão contemplar R$ 32 bilhões de investimentos ao longo de 30 anos de duração dos contratos – deverá reduzir os custos operacionais de transporte de cargas nas regiões, mesmo com o pagamento de pedágio.

Estradas em más condições podem representar alta adicional de 30% no custo operacional de caminhões, por conta de desgaste nos pneus, reposição de peças e maior gasto com diesel. Levando-se em conta o deságio das licitações, que chegou a cerca de 50%, a cobrança de pedágio deve representar uma alta de 12% no bolso dos caminhoneiros, mas, como as estradas estarão em melhores condições, os custos operacionais deixarão de apresentar um peso extra. “Essa diferença de 18% entre o custo operacional e o pedágio irá direto para o bolso do transportador”, destaca o professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Resende.

Estudo da FDC realizado em 2012 apontava que o custo logístico consumia 13,1% da receita bruta das empresas consultadas, cujo faturamento superava R$ 1 trilhão. Por conta da matriz desequilibrada de transporte (as rodovias respondem por mais da metade da circulação de mercadorias no país), cerca de 45% desse custo estavam relacionados ao transporte de longa distância feito pelas rodovias. “Então esses 18% cairiam sobre esses 45%, o que pode representar uma queda de 0,7 ponto percentual sobre o custo total logístico, que cairia para 12,4%”, afirma o especialista, que ressalta que a economia pode chegar a R$ 10 bilhões anuais.

Para Resende, as concessões trarão melhoria dos trechos e, consequentemente, uma mudança no perfil do que é transportado. Com as licitações, estima-se que pouco mais de 50% das cargas transportadas no país já o façam em rodovias sob administração privada. “Antes esse índice era bem menor, porque a maioria dos lotes envolvia Estados do Sul e do Sudeste, mas agora vários trechos envolvem Minas Gerais, detentora da maior malha, e o Centro-Oeste”, aponta. O especialista defende que a partir de agora o Brasil precisa investir com vigor em inteligência logística e em um efetivo mapa logístico, em que devem ser analisados grandes corredores interestaduais e sua relação com rodovias menores.

O setor privado também espera ganhos. Um dos principais celeiros de grãos, Mato Grosso deve passar por uma transformação nos próximos anos. Em novembro, foi concedido um trecho de 850,9 km que se estende da divisa do Estado com o Mato Grosso do Sul até Sinop (MT), passando pelas principais cidades do Estado, como Rondonópolis, Sorriso e a capital Cuiabá. Do total que será concedido, a Odebrecht, a concessionária, deverá duplicar 453,6 km.

“Em Mato Grosso, mesmo levando-se em consideração a estimativa de pagamento de pedágio com a concessão, os benefícios gerados pela manutenção e duplicação do trecho completo devem gerar uma queda potencial em frete de 15% no médio e longo prazo, principalmente pela diminuição do tempo de viagem e do consumo de diesel”, afirma Rui Prado, que recentemente deixou a presidência da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

No acesso entre Mato Grosso e Pará, o Estado também terá um reforço: a pavimentação da BR-163 no trecho de Cuiabá (MT) a Miritituba (PA) e Santarém (PA) está em fase final de execução. “Esse projeto deve mudar toda estrutura logística do Estado, uma vez que vai possibilitar o acesso aos portos do arco norte”, diz Prado. Outra obra em andamento no Estado é a pavimentação da BR-158. Com a finalização dessa obra, o porto de Itaqui (MA) poderá ser utilizado para o escoamento da soja e milho. Outra expectativa é de que avance o projeto de construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, que deverá ligar Lucas do Rio Verde (MT) a Campinápolis (GO).

A multimodalidade tem crescido no Estado. Da soja que vai para o porto de Santos, que representou 58% das exportações da última safra no Estado, mais da metade faz o transporte com um trecho de Sorriso (MT) a Rondonópolis (MT) de rodovia e um trecho de ferrovia, partindo de Rondonópolis (MT) e chegando a Santos.

Fonte: Jornal Valor Econômico


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