Inovação logística é o trunfo das empresas que têm como principal desafio vencer a imobilidade característica dos grandes centros urbanos. Além da automatização das centrais de triagem e correspondência, as líderes do setor adotam até bicicletas elétricas para superar as barreiras do trânsito. O rastreamento das encomendas agiliza e aumenta a confiabilidade do serviço. Postos de autoatendimento e carteiros com smartphone para contato com o cliente ajudam a driblar contratempos. Pontualidade é a alma do negócio. Providências como essas são úteis para enfrentar a concorrência, que, apesar do fraco desempenho da economia, atrai empresas desde empresas clandestinas até multinacionais, como Fedex, UPS, DHL e TNT, que invadem o mercado.
Impulsionado pelas vendas do comércio eletrônico, o mercado deverá fechar 2014 com 56 milhões de entregas, em um desempenho que tudo indica será melhor do que no ano passado. Perspectivas tão favoráveis levam as empresas a programar investimentos para abocanhar fatia cada vez maior do mercado. A meta é superar os gargalos logísticos e evitar apagões que comprometam o crescimento do setor. O tamanho do desafio é equivalente ao desempenho. Em 2013, o e-commerce registrou crescimento de 28%, com faturamento de R$ 28,8 bilhões. A expectativa é que o comércio operado nas lojas virtuais do Brasil, que ocupa a sexta posição no ranking mundial com participação de 3% do total de vendas, chegue ao quarto lugar até o fim de 2015 com uma fatia de 4,3%.
A Livraria Saraiva investiu R$ 21 milhões no centro de distribuição automatizado de 33 mil metros quadrados em Cajamar, em São Paulo. Fez parceria com agência F.Biz, especializada em canais online, para desenvolver a estratégia multicanal, que aproxima o portal e as 114 lojas do grupo, e de market place, com a escolha de parceiros que vendem seus produtos no portal da Saraiva. Criado em 1998, o comércio eletrônico representa 30% das vendas do varejo do Grupo Saraiva. No primeiro trimestre deste ano teve crescimento de 6% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os Correios, que dominam uma fatia de mais de 45% do mercado brasileiro de entregas expressas com 36,5 milhões de encomendas entregues por dia, já estão usando triciclo elétrico para escapar dos engarrafamentos. O processo de compra de 220 bicicletas elétricas está em andamento para o início de um projeto-piloto nas principais capitais. Terminais de autosserviço já estão em testes em Brasília e Curitiba. A empresa deve instalar em breve quiosques de autoatendimento nos shoppings em que o consumidor só precisará de uma senha transmitida por SMS para receber ou depositar a sua encomenda. Todos os carteiros de São Paulo já usam há um ano smartphones para entregas expressas. O sistema será agora implantado gradativamente nas principais cidades brasileiras e encorpa a estrutura da empresa com 60 centros de tratamento e de encomendas e 23.416 veículos.
Em 2013, a companhia investiu em transporte e infraestrutura R$ 574,9 milhões. Nos últimos três anos aplicou R$ 1,17 bilhão na aquisição de novos veículos, equipamentos operacionais e computadores e na ampliação e reforma de unidades. “Estamos trabalhando muito na informação do cliente e na interatividade com o carteiro que dispõe de smartphone para registrar a entrega online”, diz Maria da Glória Guimarães dos Santos, vice-presidente de clientes e operações dos Correios.
A TNT, segundo o executivo Cristiano Koga, cresce mais rapidamente que a concorrência. A operadora de logística de origem holandesa incorporou as brasileiras Expresso Mercúrio, em 2007, e a Expresso Araçatuba, em 2009. “Já somos líder do mercado, atrás apenas dos Correios, e estamos aumentando nosso market share”, garante Koga. “Este ano esperamos atingir dois dígitos de crescimento”, diz. A especialidade da empresa é a carga fracionada (que não ocupa um caminhão inteiro) de 1 quilo até 1,5 tonelada por volume.
A DHL Express, braço de distribuição da companhia alemã Deutsche Post DHL, principal grupo de logística e postal do mundo, tem investido na ampliação de suas atividades no Brasil de olho na estratégia de conquistar uma fatia maior do mercado. Em 2012, investiu R$ 600 mil em um gateway (ponto de entrada e saída de mercadorias nos aeroportos) no Aeroporto Internacional do Galeão-Antonio Carlos Jobim, no Rio para atender as indústrias de óleo e gás e da construção civil.
“As barreiras são cada vez maiores e exigem investimentos elevados de tecnologia para a gestão das rotas e no treinamento de pessoal”, afirma Vito Chiarella, presidente da TotalExpress. A empresa do Grupo Abril investe cerca de R$ 30 milhões ao ano para atender ao crescimento dos negócios, que até junho chegou a 30% no volume de operações e no faturamento na comparação com o mesmo período do ano passado. São mais de 60 mil entregas diárias em mais de 3 mil municípios no país. A especialidade é a carga fracionada até 30 quilos principalmente para o comércio eletrônico.
A gigante FedEx, com 300 mil funcionários e 700 aviões próprios no mundo, tem planos para o Brasil. Em 2012 adquiriu a Rapidão Cometa, no processo mais significativo desde a compra, em 1989, da Flying Tigers, primeira companhia aérea de carga dos Estados Unidos. No ano passado abriu três centros de distribuição e um recinto portuário em Suape (PE) e um novo ponto de distribuição de carga em São Paulo. “O mercado pede por serviços domésticos integrados à malha global. Temos planos para oferecer ao cliente brasileiro a mesma qualidade prestados pela marca FedEx no resto do mundo”, afirma Eduardo Araújo, diretor de logística da FedEx Brasil.
Fonte: Jornal Valor Ecônomico
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