A queda de confiança na indústria e no varejo somada às incertezas econômicas coloca o mercado de transporte em estado de alerta para 2015. Diante dessa perspectiva, é bem provável que empresas dos modais rodoviário, aquaviário e ferroviário iniciem o ano novo com pé no freio quantos aos investimentos.
Um balanço feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que apenas 25,8% dos empresários dos três modais esperam aumento da receita neste ano, já antecipando as dificuldades para 2015. A expectativa piorou muito, uma vez que em março esse índice chegava a 43,2%.
Neste cenário, a transportadora goiana TransMais refez seus planos porque, segundo o presidente da empresa, Roberto Vidigal, 2014 foi um ano mais difícil do que o previsto, e a chegada de 2015 não melhora o cenário. “Os desafios são imensos. Entramos em 2014 com a perspectiva de avanço das estradas brasileiras com as concessões de 2013, mas pouco efetivamente foi realizado”, explicou.
Paralelamente ao pequeno avanço em infraestrutura, a situação macroeconômica não ajudou. “Tivemos uma alta de 20% nos custos, em função do crédito mais difícil para pequenos negócios, aumento do combustível e, principalmente, alta dos juros”, diz o executivo.
De acordo com o presidente da CNT, Clésio Andrade, essa postura reticente dos transportadores ocorre em função do ritmo menor de negócios em consequência da situação econômica atual. “Os empresários estão tendo a percepção do baixo crescimento econômico neste ano de 2014. E isso pode estar contribuindo para a redução de aquisição de veículos e de embarcações pelo setor.”
Falta fé no governo
Outra questão que preocupa o mercado para o próximo ano é a falta de fé nas ações do governo. Segundo a sondagem, 61,8% dos empresários acreditam que os recursos autorizados pela esfera pública não solucionarão problemas de logística.
Como alternativa, 86,8% dos transportadores acreditam que a participação da iniciativa privada como meio de avançar o setor seja o caminho mais adequado nesse momento.
Para alcançar esse objetivo, 54,6% dos empresários apostam que incentivos fiscais podem estimular os investimentos privados necessários.
“Para 75,5% dos empresários entrevistados, os investimentos estrangeiros em infraestrutura poderão contribuir para a melhoria das condições logísticas no Brasil”, descrevia o estudo.
Para Ficco, o pensamento do capital estrangeiro como solução para infraestrutura no Brasil é mais eficaz na teoria que na prática. “Duas coisas são problemas nesse momento: os escândalos envolvendo empresários no Brasil e a falta de traquejo do governo brasileiro em negociar com empresas estrangeiras”, afirmou.
Para 55,1% dos entrevistados pela CNT, no entanto, a aproximação comercial de Brasil e China beneficiará a prestação do serviço de transporte.
Investimentos
Para Andrade, outra indicação importante do estudo da CNT diz respeito as projeções de investimento dos empresários. Segundo o levantamento, 72,8% dos empresários não projetam novos aportes em veículos, embarcações ou material rodante.
“Esse percentual elevado pode estar relacionado ao fato de que para 61,6% a taxa de juros aumentará em 2014, o que significa elevação do custo do financiamento”, dizia o estudo.
Ao longo do primeiro semestre deste ano, 45,6% dos entrevistados afirmaram ter feito compras de veículos, mas apenas 26,5% declararam ter a intenção de ampliar a frota no segundo semestre. “O transportador não pretende investir, o que pode comprometer o crescimento do setor e do País”, explicou Andrade.
Ações emergenciais
Para driblar a economia mais fraca, os empresários citaram algumas medidas de contingências que seriam importantes para o desenvolvimento dentro de cada um dos modais.
No rodoviário, foram apontadas como prioritárias a redução da carga tributária (37,1%) e melhorias na qualidade das rodovias (31,2%).
Para os empresários ligados às ferrovias, as reivindicações incluem melhorias na acessibilidade aos portos (50%) e aplicação dos recursos de arrendamentos no próprio setor (50,0%). Entre os transportadores aquaviários, redução da burocracia (30%) e redução da carga tributária (22%) são as principais demandas.
“O governo precisará agir, mesmo que de maneira contingencial. Com o avanço das concessões rodoviárias, em 2013, o mais urgente é achar formas de estimular os modais aquaviário e ferroviário”, afirma Ficco.
Fonte: Portal de Notícias DCI – Diário do Comércio, Indústrica e Serviços
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