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Bloqueio em estradas obriga BRF e Aurora a interromper abates

fevereiro 24, 2015 Tags: , , , ,

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Afetadas pelos bloqueios de caminhoneiros nas estradas dos Estados do Sul do país, a BRF e a Aurora Alimentos decidiram paralisar o abate de animais em algumas de suas unidades. A BRF interrompeu ontem à tarde os abates nas fábricas de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, no norte do Paraná, e a Aurora vai parar de abater animais a partir de hoje em seis unidades do oeste de Santa Catarina.

A Aurora deixará de abater 450 mil aves por dia em Abelardo Luz, Guatambu e Maravilha e 7.500 suínos em Joaçaba, São Miguel d’Oeste e Chapecó. Os bloqueios na BR-282 (Santa Catarina) e na BR-153 (Rio Grande do Sul), em protesto contra a alta dos combustíveis, afetam o fluxo de cargas de ração e de animais para abate.

Segundo Mário Lanznaster, presidente da Aurora, os manifestantes têm deixado caminhões com cargas vivas, ração e leite chegarem a seus destinos. Mas quando o caminhão retorna vazio, é barrado nos bloqueios, o que impede que volte a transportar. Diante dessa situação, a Aurora decidiu parar de abater. pois começaria a haver acúmulo de produto nas unidades e dificuldade de escoamento.

Em função da paralisação, há cerca de 170 carretas com cargas frigorificadas da Aurora paradas em estradas com destino a São Paulo, Paraná e Brasil Central. Isso acontece, disse Lanznaster, porque as cargas têm de esperar dois dias para serem liberadas por determinação dos manifestantes.

Também já começa a faltar ração para os produtores integrados da Aurora. Ontem, por exemplo, a empresa conseguiu entregar 800 mil quilos de ração aos cooperados – normalmente entrega 1,9 milhão de quilos por dia. O recebimento de leite pela Aurora também será atingido. Hoje, 1,5 milhão de litros de leite deixarão de ser recolhidos.

Luiz Benício Stabile, diretor de expansão e sustentabilidade agropecuária da BRF, disse que a decisão de paralisar as duas unidades da empresa no norte do Paraná foi tomada diante da necessidade de dar vazão ao produto que está nos frigoríficos.

Segundo ele, deixarão de ser abatidos 300 mil frangos e 40 mil perus por dia em Francisco Beltrão e 700 mil frangos em Dois Vizinhos. “É preciso liberar a saída de carne para exportação”, disse. A produção de Dois Vizinhos, de 700 toneladas por dia, é destinada ao mercado externo e, como reflexo do bloqueio, ontem já havia mais de cem caminhões com cargas da BRF parados nas estradas em direção a Itajaí (SC) e Paranaguá (PR).

Stabile admitiu que há risco de a BRF paralisar também abates em unidades de Santa Catarina caso a paralisação se prolongue.

A JBS, que tem unidades da JBS Foods no oeste catarinense, informou que o bloqueio ainda não afetou suas atividades. Fontes do setor afirmam, porém, que a empresa também deve ser atingida se os bloqueios continuarem.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne as empresas de frango e suíno, buscou apoio nos governos estaduais e federal para tentar resolver o problema. Segundo Francisco Turra, presidente da ABPA, “a greve está penalizando a produção de alimentos e afetando a segurança alimentar do país”. Ontem, ele falou com o ministro Miguel Rosseto, da Secretaria-Geral da Presidência. “Ele nos pediu um relatório sobre a situação e disse que é proibido bloquear rodovias para o transporte de alimentos.”

Fonte: Portal de Notícas do Jornal Valor Econômico


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