Os líderes dos caminhoneiros que negociaram com o governo o fim da greve do setor estão mais ligados a empresários e ao agronegócio que aos que dirigem caminhões.
O país tem quase metade de sua frota de 2,2 milhões de caminhões dirigida por motoristas autônomos, mas entre os que estiveram negociando estavam donos de posto de combustível, pilotos de corrida e donos de frotas.
O próprio governo reconheceu a dificuldade em identificar líderes do setor. Isso ocorre porque os caminhoneiros são divididos entre autônomos e empregados que trabalham para 172 mil empresas. Destas empresas menos de 5% são grandes companhias, com frota de caminhões elevadas. As restantes são, na prática, reuniões de caminhoneiros autônomos.
Durante a greve, os chamados líderes dos caminhoneiros foram ironizados pelas redes sociais. Uma página com cerca de 80 mil seguidores apresentava fotos de Neori Tigrão e Carlos Boesel, dois dos recebidos pelo governo como representantes dos caminhoneiros, em companhia de deputados da Frente Parlamentar do Agronegócio.
Tigrão é dono de postos de combustíveis, mas se apresenta como presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac). Já Boesel preside o sindicato dos Cegonheiros, que transportam carros. Ivar Schimdt, que falou como líder da categoria, tem uma empresa transportadora na cidade de Mossoró (RN).
Uma nota da Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros), uma das entidades que apoiaram o movimento grevista, foi enviada por um servidor do Sest/Senat, órgão do Sistema S controlado por empresas de transporte.
A Folha não conseguiu contato com os líderes que participaram da reunião. Ao longo da greve, a Polícia Rodoviária Federal recolheu vários depoimentos de caminhoneiros que se diziam obrigados a parar seus caminhões por causa de ameaças.
A Polícia Federal investiga se empresas estavam por trás do movimento. Nesta terça-feira (3), o fim da greve coincidiu com a publicação, sem vetos, da nova lei dos caminhoneiros, que traz mudanças em regras de custo de pedágio e peso de caminhão que beneficiam apenas as empresas donas de cargas.
4Fonte: Folha de S. Paulo via Portal de Notícias UOL (Mercado)
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