Responsável pelas principais obras viárias paulistas, a Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) culpou a Copa do Mundo de 2014 e a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, pelos atrasos na construção do Trecho Norte do Rodoanel, na Grande São Paulo, e da Nova Tamoios Contornos, no litoral norte. A estatal do governo Geraldo Alckmin (PSDB) já adiou a data de entrega dos empreendimentos em até 16 meses.
Em seu relatório de administração de 2014, divulgado no fim de abril, a Dersa informa que a “queda na produtividade da construção civil, observada ao longo de junho e julho, decorrente dos feriados e reduções de jornada motivadas pela Copa do Mundo, trouxeram impacto negativo sobre o avanço dos empreendimentos, em especial o Rodoanel Norte e a Nova Tamoios Contornos”. Juntas, as obras custam R$ 5,2 bilhões.
Ainda segundo a estatal, “a partir do segundo semestre, esses empreendimentos também sofreram com a descapitalização de diversas construtoras, resultado dos desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal”, citando a investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobrás, desencadeada em março de 2014 que já resultou na prisão e na abertura de inquérito contra diretores de cinco empreiteiras responsáveis pelas obras paulistas.
Os contratos para execução dos dois empreendimentos foram assinados por Alckmin no início de 2013. No caso do Rodoanel Norte, entre as empreiteiras que venceram a licitação para a construção dos 44 km da última alça que interligará os trechos Oeste e Leste estão a OAS, a Mendes Júnior e a Construcap, suspeitas de envolvimento no escândalo da Petrobrás. Todas negam participação no esquema.
No mês passado, o presidente da Dersa, Laurence Casagrande, disse que as obras do Rodoanel estão em ritmo lento, e o atraso pode fazer com que o governo Alckmin cancele o contrato com as empreiteiras. A entrega do Trecho Norte havia sido prometida pelo tucano para fevereiro de 2016, mas agora a previsão é junho de 2017.
Já no caso da Tamoios, cuja duplicação do trecho de planalto da rodovia que liga São José dos Campos a Caraguatatuba foi inaugurada em janeiro de 2014, a ampliação de 37 km na região do litoral norte ficou sob responsabilidade das empresas Serveng Civilsan e Queiroz Galvão, ambas suspeitas de participar do esquema na Petrobrás. As duas negam as acusações. A conclusão da obra já foi adiada de junho de 2017 para março de 2018 pela Dersa.
Resultado
Em nota, a Dersa afirma que “as informações dizem respeito ao exercício 2014” e que “as reduções de jornada e feriados determinados em função da Copa do Mundo representaram impactos sobre o resultado da companhia naquele exercício”. Desde então, diz a empresa, “a Dersa trabalha firmemente com seus contratados no sentido de eliminar ou reduzir esse efeito ao longo dos exercícios atual e futuros”.
Sobre “os efeitos decorrentes da Lava Jato”, a nota afirma que os acontecimentos estão em andamento e os desdobramentos não são inteiramente conhecidos. “A Dersa trabalha firmemente na gestão de seus contratos no sentido de evitar que eventuais problemas externos enfrentados por prestadores de serviço não tragam perdas aos seus empreendimentos.”
Fonte: Jornal Estado de S. Paulo
Deixe um comentário