A diferença entre os custos das empresas transportadoras e o valor cobrado pelo frete ficou em 10,14% no primeiro semestre de 2015, indica pesquisa do Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística (Decope). O levantamento, feito com cerca de 300 empresas, aponta que a defasagem nos preços do frete aumentou na comparação com igual período do ano passado, quando estava em 9,66%, mas está menor que a diferença de 14,11% observada no segundo semestre de 2014.
Entre os principais fatores que pressionam a margem de lucro das transportadoras está o aumento de custos com combustível e mão de obra, que respondem por cerca de 60% dos gastos com transporte de cargas e ficaram mais caros acompanhando a alta da inflação. Segundo Lauro Valdívia, assessor técnico da NTC&Logística, a situação neste ano está mais crítica porque, devido à crise econômica, os transportadores não foram capazes de repassar o aumento de custos ao preço do serviço.
“A crise impediu que defasagem recuasse no meio do ano, como tradicionalmente ocorre. Historicamente, neste período, a defasagem deveria estar em torno de 5% ou 6%”, afirmou. O nível mais baixo registrado nos últimos três anos foi em agosto de 2013, quando a defasagem de preços atingiu 7,54%. O especialista estima que a situação deve se agravar até o início de 2016, voltando a níveis de sete anos atrás, para perto de 18%.
Também pesam para o mau momento do segmento os reajustes de energia elétrica, as restrições de circulação de caminhões em áreas urbanas e queda na demanda pelos serviços de frete. “Estes são fatores que aumentam os custos fixos e, mesmo que o volume de carga diminua, o transportador não consegue reduzir as despesas proporcionalmente”, explicou. O assessor técnico cita ainda a “reoneração” da folha de pagamento do setor, que deve ter alíquota recomposta de 1,0% para 1,5%.
Já um novo aumento nos preços dos combustíveis ainda em 2015 reforça a percepção negativa de Valdívia para os próximos meses. “A expectativa é de haver um novo aumento ainda neste em 2015 porque nos últimos três anos houve reajustes em novembro e dezembro”, destacou.
Uma das consequências da defasagem dos preços no setor de transportes, diz Valdívia, é a precarização dos veículos. “Com a margem de lucro apertada, o responsável adia a manutenção, o nível de serviço cai, o caminhão quebra…”, detalhou. Ao sacrificar a qualidade da manutenção dos caminhões, o risco de acidente é maior, mas Valdívia explica a lógica por trás desta prática. “O risco é incerto. O custo é certo”, resumiu.
Pedágio
Questionado sobre a determinação da Lei dos Caminhoneiros em retirar a cobrança de pedágio sobre os eixos suspensos dos caminhões, Valdívia disse que o efeito positivo esperado não foi significativo para o setor. Segundo ele, a alteração, que foi uma resposta do governo às demandas da categoria durante greve no ano passado, beneficiaria principalmente os autônomos, que circulam com mais frequência sem carga contratada. “Por lei, quem arca com o custo do pedágio são os contratantes e nem o reembolso é permitido”, explicou.
Agora, com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) concedendo reajustes extraordinários com base em pedidos de reequilíbrio econômico por parte das concessionárias de rodovias federais, o custo do pedágio acabará se diluindo não só entre os transportadores de carga, mas também entre motoristas de veículos leves.
Fonte: Agência Estado via Portal Estado de Minas
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