“Existe uma insatisfação geral do pessoal do transporte porque o governo não está fiscalizando”, disse Ivar Luiz Schmidt, porta-voz do Comando Nacional do Transporte, que tem 74 mil seguidores na sua página do Facebook. “Isso pode acarretar greve a qualquer momento e em qualquer lugar do Brasil”, acrescentou ele.
A greve, porém, não é uma unanimidade em todas as entidades que representam caminhoneiros.
A Abcam, entidade que representa os motoristas autônomos e principal liderança da greve de maio, disse que “não apoia qualquer nova paralisação da categoria por entender que não há motivos nem condições para isso”.
A entidade afirmou que não encontrou, nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais, indícios de adesão a uma nova greve da categoria. “Entendemos que o momento é de manter o diálogo com a equipe de transição do novo governo para que possamos dar continuidade às negociações feitas pela categoria”.
Da mesma forma, a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) negou “qualquer indício de greve por parte da sua base sindical, formada por 140 sindicatos e oito federações”. A entidade afirmou que a greve de maio conseguiu importantes conquistas e orientou os caminhoneiros a denunciar aos sindicatos e à ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) as empresas que não estejam cumprindo a tabela do frete.
“A CNTA enfatiza, ainda, que um movimento no momento seria uma ação imprudente e que uma paralisação só deve ocorrer após esgotadas todas as possibilidades de negociação com o governo”.
A tabela do frete com preços mínimos foi uma das exigências da categoria para acabar com a greve que durou 11 dias em maio. A paralisação causou transtornos e desabastecimento de combustíveis e alimentos no país, e impactou no crescimento da economia e na confiança do consumidor.
Em 30 de maio, a ANTT publicou a primeira tabela, que gerou críticas de transportadoras e até do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Ele argumentou, na ocasião, que os preços haviam dobrado, impactando os custos da indústria e agronegócio.
Com a polêmica, a agência editou uma nova tabela, mas os preços foram criticados pelos caminhoneiros, o que fez a agência voltar a praticar os valores da primeira tabela, que já sofreu duas mudanças desde então para adotar as variações acima e abaixo de 10% nos preços do diesel, ocorridas em setembro e outubro.
Criticada pela indústria e o agronegócio, a tabela do frete foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que deve analisar em breve a constitucionalidade da tabela.
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