Notícias

Governo busca saída para caminhoneiros ‘entre a cruz e a espada’, diz ministro

Santos Cruz, da Secretaria de Governo, reconhece problemas da categoria mas diz que todos têm de fazer sacrifícios

Na avaliação do ministro-chefe da Secretaria de Governo (Segov), Carlos Alberto dos Santos Cruz, o governo Jair Bolsonaro está “entre a cruz e a espada” na negociação com os caminhoneiros, entre uma decisão política que pode evitar uma paralisação do transporte de cargas no país e o limite econômico.

Em entrevista ao GLOBO, o ministro defende que cabe agora à categoria entender as restrições matemáticas do Executivo para atender todas as reivindicações. Santos Cruz ganhou espaço no Planalto e, nos bastidores, já é apontando em pé de igualdade com o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, em relação à confiança de que desfruta com o presidente. Por outro lado, desperta críticas de integrantes da ala ideológica ligados ao escritor Olavo de Carvalho. Para o ministro, o fanatismo pode atrapalhar o governo.

Na última semana, o governo anunciou várias medidas para os caminhoneiros, após suspender por alguns dias o aumento do diesel. Como o senhor tem acompanhado essa negociação?
O governo precisa entender os segmentos sociais, no caso um segmento importante que é o de transporte de cargas, mas o setor também tem de entender a conjuntura em que vive, que não é isolada da conjuntura nacional. Toda essa carga de sacrifícios tem que ser da responsabilidade de todos. Os caminhoneiros são trabalhadores, as condições de transporte de carga no Brasil são difíceis, é um trabalho desgastante e honroso que move uma grande parte da economia do Brasil. Tem problemas, e o governo tem de procurar ajudar na solução, mas a categoria também tem de entender que isso tudo existe dentro dos limites do contexto econômico, de legislação, que precisa ser entendido também.

O governo tem limite para atuar na política de preços da Petrobras?
Claro. Os limites do governo são matemáticos. Não tenho os números todos na minha cabeça, mas o 0,1% que você mexe no valor de frete, no valor do combustível, acaba tendo um impacto. O resumo de tudo isso é matemático. Agora, as decisões também são políticas. E o governo fica sempre entre a decisão política e o limite econômico, está sempre entre a cruz e a espada.

A possibilidade de greve, levantada por alguns líderes da categoria, segue monitorada permanentemente pelo governo?
Falar em paralisação tem que ser feito com muita responsabilidade. Ninguém é contra a liberdade de expressão, de associação, isso é fundamental. Os sindicatos existentes, a dinâmica, o jogo de pressão, é assim que funciona um país. A democracia funciona assim, mas é preciso ter responsabilidade.

Como o senhor tem contribuído para a aprovação da reforma da Previdência?
Eu não atuo diretamente, não vou lá pedir votos. O pessoal tem de entender que o governo de um país funciona pela harmonia dos Poderes. Não é só o Executivo que quer a modificação nas regras da Previdência, é um erro a gente achar que o Executivo quer e o Legislativo não. O Executivo tem a obrigação de cuidar do Orçamento, das contas, tem de explicar a necessidade da modificação das regras para os parlamentares, mas a responsabilidade é de todo mundo, não é só do Executivo.

A votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça foi adiada na Câmara. O governo não vê isso como uma derrota?
Na cúpula do governo, essa parte política tem setores que acompanham e, em termos ministeriais, quem cuida é o Onyx Lorenzoni (chefe da Casa Civil), e eu auxilio. Vejo tudo com muita normalidade. Em primeiro lugar, você tem que respeitar as decisões que acontecem na Câmara. Não é questão só de ganhar. Não é um jogo. Às vezes não foi exatamente como você queria, mas daí para ser uma derrota é diferente. A Câmara tem uma variedade de pessoas, de interesses, de partidos, de bancadas. Tudo isso entra em jogo, e uma análise de qualquer acontecimento dentro da Câmara tem que ser muito mais profunda do que simplesmente identificar como derrota ou vitória.

O governo estuda liberar emendas discricionárias para conquistar o apoio para a aprovação da reforma da Previdência?
A aprovação da Previdência não está ligada diretamente à aprovação de recursos, mas é normal, em qualquer lugar do mundo, auxiliar a base política, aqueles que estão alinhados política e administrativamente com o governo. Há também as emendas impositivas destinadas para muitos parlamentares de oposição, com recursos já liberados, inclusive.

Fonte: Jornal O Globo

Comentários

Uma resposta para “Governo busca saída para caminhoneiros ‘entre a cruz e a espada’, diz ministro”

  1. Heverton Luis Andrade disse:

    Me parece que nem governo, nem ministro e nem os sindicatos dos caminhoneiros ainda não descobriram que o que rege o mercado capitalista é a Lei da OFERTA e da PROCURA. Quando o mercado reagir e aumentar a necessidade de caminhões para transportar tanto matéria prima quanto produtos acabados, o frete reagirá automaticamente, deixando essa tabela da ANTT um assunto sem a menor importância, porque os valores de frete serão muitos superiores ao minimo que nela consta. Apoiei, fiz campanha e votei no Sr. Presidente eleito Jair Bolsonaro, mas já passou da hora de ao invés de ficar caçando corruptos, colocar em pratica o que o Brasil mais precisa hoje, ativar a economia, dar início em obras publicas, obras de saneamento básico, obras e incentivos que movimentem todos os setores da economia e que gera a necessidade de mão de obra, de transporte, de cimento, ferro e aço etc. Só assim acabará esses estudos que não levará a nada e nem a satisfação de ninguém.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *