Para a polícia, a diminuição no número de roubos de carga se deve principalmente ao aumento da repressão e da deflagração de operações nos Estados mais críticos. “De 2017 para cá, a Polícia Rodoviária Federal aumentou as suas ações, coordenadas nacionalmente e nas próprias superintendências estaduais. A gente mapeou todos os pontos, onde mais ocorria esse tipo de crime, e fez operações específicas nesses locais”, afirma Paulo Sérgio Guedes de Oliveira, chefe do Grupo de Enfrentamento aos Crimes contra o Patrimônio da PRF.
Guedes também é vice-presidente do Comitê Gestor da Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, que tem como o objetivo discutir ações contra esse tipo de crime.
O órgão foi reativado em 2019 por Moro para tentar atenuar o problema. Ao todo, o grupo reúne representantes de 11 instituições públicas e privadas.
O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, afirma que, além de as forças policiais terem recrudescido o combate a esse time de crime, as empresas investiram mais em tecnologia para evitar o roubo de suas cargas.
Para ele, porém, é preciso avançar ainda em um ponto crucial: aumentar a punição, especialmente financeira, do receptador de mercadorias roubadas. Um das propostas da confederação é que os envolvidos tenham o CNPJ cassado.
“A polícia está agindo com mais efetividade, recuperando algumas cargas e prendendo os responsáveis. Mas, para combater o roubo de carga, você tem que fazer que isso não seja um negócio financeiramente atrativo”, defende.
Segundo ele, “quem compra carga roubada sabe que é roubada”. “Ele [o empresário] fala que foi enganado, mas não foi. Hoje o preço é domínio de todos, o comprador sabe quanto custa cada item. Na hora que alguém oferece algo pela metade do preço, eu, como profissional, tenho a obrigação de desconfiar”, aponta.
No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro vetou o trecho de um lei que previa a cassação do CNPJ da empresa que transportasse, distribuísse, armazenasse ou comercializasse produtos provenientes de furto, contrabando ou descaminho ou produtos falsificados.
Costa afirma, porém, que a expectativa é que o Congresso aprove uma medida similar ainda em 2020. Segundo ele, o governo também já estaria convencido da importância da punição.
O presidente da CNT também afirma que a tendência de queda no número de roubos de carga é uma realidade que deve se manter neste ano. Ele, no entanto, reconhece que a melhora nos índices ainda não trouxe um impacto efetivo no custo dos seguros cobrados para o setor. “O mercado de seguro para aumentar o prêmio é rápido, mas para reduzi-lo é mais lento, mas vai acabar acontecendo”, disse.
Por outro lado, Costa aponta que algumas seguradoras já começaram a aceitar fechar contratos para fretes em locais que antes evitavam, por considerarem muito perigosos.
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