Especialistas avaliam que valor praticado na tabela do frete vai cair, devido aos efeitos do coronavírus sobre o preço do diesel
A pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, vai influenciar no reajuste sobre os pisos de frete — valor mínimo a ser pago pelo transporte. Na próxima quinta-feira (30/04), a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) abrirá uma consulta pública para receber propostas para o cálculo.
A tendência, segundo fontes ligadas ao setor, é de que seja diminuído o valor praticado. A mais recente mudança na taxa ocorreu em janeiro. A modificação irrita caminhoneiros, que já acham a tabela baixa.
A categoria acompanha atenta o movimento. Um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018, Wanderlei Alves, o Dedeco, acredita que uma redução acentuaria ainda mais o prejuízo.
Ele explica que o volume de carga diminuiu devido à paralisação de alguns setores devido à pandemia. “Já está ruim de frete, não tem o suficiente. Se baixar [os valores da tabela] as coisas vão piorar”, critica.
Dedeco reclama das negociações com o governo. “Entendemos a situação do coronavírus e estamos trabalhando. Mas como o presidente [Jair Bolsonaro] e o ministro da Infraestrutura [Tarcísio Freitas] não gostam da tabela do frete eles enganam e enrolam os caminhoneiros. A ANTT não fiscaliza e não multa ninguém [que não cumpre a tabela]”, critica.
A Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas, prevê que uma nova tabela com frete mínimo deve ser publicada quando houver oscilação superior a 10% no preço do óleo diesel no mercado nacional.
Nesta segunda-feira (27/04), a Petrobras começou a comercialização de óleo diesel automotivo – S10 e S500 – com redução no valor do litro. A média de queda foi de 10% nas refinarias.
“A ANTT tem tido constante diálogo com todos os as envolvidas nesta questão: transportadores autônomos, empresas de transporte, cooperativas e embarcadores”, confirma a agência, em nota.
Em janeiro, a agência determinou a obrigação do pagamento do chamado frete retorno para os caminhoneiros, e estabeleceu um reajuste do valor do piso mínimo no país que variou de 11% a 15%, de acordo com o tipo de carga e operação.
A pandemia já alterou o funcionamento do setor. Foram flexibilizados os prazos para cumprimento de obrigações contratuais e regulatórias referentes ao transporte de cargas, por exemplo.
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