Para o ministro da Economia, no entanto, se as lideranças políticas continuarem se desentendendo, o resultado pode ser diferente
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, em balanço dos 500 dias de governo Jair Bolsonaro, que a economia brasileira tem a chance de se recuperar rapidamente da crise causada pelos efeitos da pandemia da covid-19. “O Brasil é um dos poucos países que têm condição de fazer a recuperação em ‘V’. O Brasil estava começando a decolar quando o mundo estava em desaceleração sincronizada. Não sou eu falando isso, mas eram as maiores economia do mundo reunidas em Davos, depois da reunião do FMI”.
Para Guedes, se as lideranças políticas continuarem se desentendendo, o resultado pode ser diferente. “Se continuarmos brigando a bordo, vai virar um ‘U’. Em vez de bater e voltar rápido [indicando com as mãos um ‘V’], ela vai afundar e ficar um bom tempo antes de voltar. Isso só vai agravar a crise da Saúde. E, se brigarmos bastante podemos fazer um ‘L’: você bate, afunda e fica”, afirmou.
O ministro disse que é preciso entender que existem dois “organismos vivos”, de um lado, um que é o coronavírus e, de outro, que é a economia brasileira, que um organismo “vivo pulsando”. “Nessa [luta] nós temos que ficar de mãos dadas. Na outra, temos que ficar distanciados”, afirmou.
Para o ministro, nos próximos dois ou três meses, o país vai disparar “duas ondas”, uma de produção de emprego e outra de investimentos.
Guedes falou da preocupação com os pedidos de policiais e médicos de aumento salarial no momento da pandemia. “Nós queremos saber o sacrifício que podemos fazer pelo Brasil neste momento, e não o que o Brasil pode fazer por nós. As medalhas vêm depois da guerra, depois da luta. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário para policial que vai à rua exercer sua função ou porque um médico vai à rua exercer sua função”, disse.
Funcionalismo público
Paulo Guedes pediu ao Congresso que não derrube eventual veto presidencial à permissão que os parlamentares deram para reajustes de servidores. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro se mostra disposto a cumprir a promessa de vetar, mas manifestou a ele preocupação de que o Congresso derrube o veto e seu gesto seja em vão.
“Precisamos agora, neste momento, da contribuição do funcionalismo público. Dezenas de milhões de brasileiros estão sendo demitidos. Pedimos apoio de governadores, prefeitos, senadores e deputados. Não vamos tirar nada de ninguém, só vamos pedir contribuição. Por favor, não assaltem o Brasil enquanto o Brasil está nocauteado”, disse. “É o presidente de um lado vetando e o Congresso de outro não derrubando o veto, deixando o dinheiro que é da saúde ir para a saúde”, completou.
Guedes defendeu a agenda de reformas para o pós-crise e voltou a atacar os planos de gente do próprio governo de ampliação dos gastos públicos. Segundo ele, é necessário aprovar o marco do saneamento que está no Congresso há um ano. “Se votarmos hoje, daqui a um, dois, três meses já voltam os investimentos quando a economia começar a reativar”, disse. “São dezenas de bilhões de reais podendo chegar a centenas de bilhões (em investimentos). E o brasileiro vai poder lavar as mãos”, completou.
Guedes, fez um ataque a quem defende aumento para o funcionalismo. Segundo ele, não se deve deixar o momento de fragilidade para se aproveitar do Estado. “É inaceitável que tentem saquear o dinheiro do gigante que está no chão. Nós queremos saber o sacrifício que podemos fazer pelo Brasil nessa hora e não o que o Brasil pode fazer por nós. Medalhas são dadas depois da guerra e não antes. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário porque policial vai para rua fazer sua função, ou para o médico que está indo fazer sua função. Se está trabalhando mais, paga hora extra”, disse Guedes. “Com Brasil de volta, vamos lembrar disso e botar quinquênio, anuênio, milênio, eugênio, mas não antes da batalha”, disse.
Sem especificar, Guedes cobrou uma redução nas brigas políticas. “A população vai punir quem usar cadáveres como palanque”, disse. “Nós temos que atravessar essa primeira onda juntos para impedir que o Brasil colapse também financeiramente”, afirmou. “Estamos em um barco afundando e lutando a bordo. Vamos salvar o barco, quando chegar em terra firme, nós brigamos de novo”, completou.
O ministro usou pássaro como analogia para dizer que é preciso não só combater os problemas de saúde, mas também da economia. Na coletiva de 500 dias de governo, ele afirmou que não há o que comemorar. “Falar da importância da economia não é falar mal da importância da saúde e da vida”, disse. “Sem a saúde, o país não decola. Sem a economia, também não decola. Pássaro para voar precisa bater as duas asas. Sem o problema da saúde equacionado não conseguimos voar. Sem economia não consegue também”, completou.
Deixe um comentário