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Gargalos vão de logística à falta de incentivos no RN

setembro 29, 2015

Exportacoes-Rio-Grande-do-Norte

A expansão potiguar na pauta de exportações, setor que está se beneficiando com a alta do dólar, atualmente próximo de R$ 4, não é impactada apenas por dificuldades hídricas em regiões do Estado. Para especialistas e empresas do setor, questões de logística de cargas, falta de incentivos fiscais e tarifas mais competitivas limitam a atração de novos investimentos, bem como a permanência de empreendedores.

“O cliente quer regularidade, quer preços competitivos, se não, não adianta produzir. O Estado não parecer querer avançar, essa é a sensação, em determinadas situações. Não conseguimos nada de benefícios com o Governo, as tarifas são mais altas, até 30% no caso das aeroportuárias, e não há como competir com outros mercados brasileiros, como o da região Sudeste”, classifica José Facini, superintendente da Caliman Agrícola S/A, maior produtora de mamão do RN.

De acordo com Facini, para a logística de exportação da Caliman, há mais custo-benefício em levar o que foi produzido em carretas até a região sudeste do que enviar diretamente para a Europa. “Temos um voo cargueiro da Lufthansa, com uma tarifa altíssima, e no marítimo não temos espaço. Os navios que chegam são para a safra do melão, que ocupa todo o espaço. É melhor pagar um frete rodoviário para exportar no Rio de Janeiro”, comentou.

Tal limitador é citado também por Luiz Roberto Barcelos, presidente da Abrafrutas e diretor-institucional da Agrícola Famosa, maior exportadora de frutas do país. “O Porto de Natal está mal localizado, os caminhões têm que atravessar a cidade inteira e, a partir deste ano temos também a restrição de tráfego dentro da cidade. Isso atrasa o fluxo, as remessas. Pela quantidade que se trabalha hoje, ainda dá. Mas, para pensar em ampliação de exportações, tem que se pensar em um novo porto também”, afirmou.

A Agrícola Famosa, apesar de ter fazendas e produzir frutas no Rio Grande do Norte, envia boa parte de suas exportações através do Ceará, onde está instalada também a matriz do grupo, na zona rural de Icapuí. “O Porto de Pecém [região metropolitana de Fortaleza] é muito moderno e comporta grandes navios. Então, é um facilitador”, declarou Barcelos.

O mesmo ocorre com a Usibras, referência na exportação de castanha de caju, que envia carretas da fábrica em Mossoró para a matriz cearense. “Enviamos por Pecém, toda a exportação é por lá. Gastamos com frete, mas, sai mais barato. São 300 km pra ir e mais 300 km para voltar”, disse Cinthya Assis, diretora comercial.

Empresas projetam expansão em 2015

Fatores limitadores para a expansão da produção e o escoamento das exportações pelo Porto de Natal, mesmo sendo problemas no processo logístico do setor, não atingem, de forma negativa, os investimentos e o lucro das empresas já instaladas em solo potiguar. É o caso da Agrícola Famosa e da Caliman Agrícola, que projetam fechar 2015 com aumento na movimentação financeira.

“Já vínhamos de um bom momento e agora, com este dólar surreal que estamos vivendo, estamos rindo à toa. As perspectivas de outubro até janeiro são muito boas. O mercado europeu está saindo das férias e o mercado do mamão vai ter mais um período aquecido”, estimou José Facini, superintendente da Caliman Agrícola, empresa focada em exportações.

Ainda de acordo com Facini, o plantio da Caliman vem sendo ampliado, já que está instalada em regiões do RN onde não há problemas com abastecimento de água e as projeções são de aumento nas próximas safras. “A nossa meta é fechar 2015 entre 250 e 300 toneladas produzidas por mês e temos mercado para isso. As nossas próprias fazendas também, ainda possuem áreas que nunca foram plantadas”, frisou.

A boa fase acontece também com outras frutas. Conforme Luiz Roberto Barcelos, diretor-institucional da Agrícola Famosa, que possui uma forte participação no mercado de melão e melancia. De acordo com ele, a ideia da empresa é ampliar em 50% as atividades nos próximos três anos, com foco no RN e no Ceará. “Nós produzimos frutas nos dois Estados. E, nos últimos anos, estamos incrementando nosso mix de fazendas. Hoje, o melão, por exemplo, mais de 50% vai para exportação. E, essa atividade está estimulada. Temos uma redução da atividade interna, alta do dólar e uma Europa que já passou pela recessão”, analisou Barcelos.

Fonte: Portal de Notícias Jornal Tribuna do Norte


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