O impacto do Custo Brasil no setor de transportes e a forma como inibe o desenvolvimento econômico foi um dos primeiros temas a serem abordados no XIV Seminário Brasileiro de Transporte de Cargas, realizado na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (16). Segundo o palestrante Alex Agostini, economista da agência classificadora de risco Austin Rating, os principais efeitos partem de deficiências estruturais, burocráticas e econômicas. “Tudo isso é embutido no preço final, deixando a economia menos dinâmica”, destacou.
Entre as deficiências estruturais, ele citou os problemas na infraestrutura logística. Segundo Agostini, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por exemplo, uma carga leva cerca de nove dias para ser finalizada. Na China, o tempo não passa de quatro horas. Outro problema que aparece neste ponto são os caminhões parados em decorrência da ineficiência dos portos. “O caminhão parado reduz margem de retorno, o que acaba limitando a capacidade de investimento privado”, destacou.
As dificuldades na mobilidade urbana também refletem no Custo Brasil, reduzindo a competitividade das empresas nacionais. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) demonstra que os brasileiros perdem, em média, 1h30min no deslocamento para o trabalho. “A conseqüência disso”, destacou o palestrante, “é a perda de qualidade de vida e de produtividade”.
Nas deficiências burocráticas estão inclusas a elevada carga de impostos e encargos e a complexidade do sistema tributário brasileiro. De acordo com Agostini, levantamentos indicam que, no Brasil, 2,6 mil horas são perdidas anualmente pelas empresas para preparar, registrar e pagar os impostos. Em países desenvolvidos, o tempo cai para 180 horas. Além do tempo, devem ser somados custos com contratação de pessoal qualificado para lidar com esta parte dos negócios. Outro problema é a legislação do ICMS, que gera condições diferenciadas entre os estados, o que provoca, segundo o economista, “ineficiência logística”.
O efeito prático do Custo Brasil é o aumento dos custos operacionais, dos serviços e de mercadorias. Para se ter uma ideia, um simples pneu chega a custar 130% mais no Brasil que nos Estados Unidos. “As empresas norte-americanas conseguem compor uma frota de 20 veículos com os recursos necessários para uma frota de dez veículos no Brasil”, alertou Agostini. O resultado desta realidade, disse ele, é a perda de espaço das empresas brasileiras para concorrentes estrangeiras, menor geração de emprego e renda e menor qualidade de vida.
Os temas debatidos no XIV Seminário Brasileiro de Transporte de Cargas devem servir de base para a elaboração de projetos de lei ou para o andamento de propostas que já tramitam no Congresso Nacional e que podem melhorar as condições do transporte de cargas no Brasil. O evento é promovido pela Comissão de Viação e Transportes da casa, em parceria com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) e com a Federação Interestadual das Empresas de Transportes de Cargas (Fenatac), com apoio da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Fonte: Agência CNT
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