Expectativa anterior, divulgada em março, era de estabilidade no PIB deste ano. Informação foi divulgada nesta quinta-feira por meio do relatório de inflação.
O Banco Central (BC) revisou sua projeção para a economia brasileira em 2020 e passou a projetar uma retração de 6,4% no Produto Interno Bruto (PIB). A previsão consta no relatório de inflação, divulgado nesta quinta-feira (25).
A expectativa anterior da instituição, divulgada em março deste ano, era de estabilidade no nível de atividade, ou seja, sem alta nem queda do nível de atividade.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
A revisão da estimativa decorre dos impactos da pandemia do coronavírus, que têm interrompido a atividade econômica ao redor do mundo e aumentado o desemprego.
“A projeção para o PIB anual considera que o recuo no segundo trimestre será o maior observado desde 1996, início do atual Sistema de Contas Nacionais Trimestrais [do IBGE]”, informou o Banco Central.
A instituição acrescentou que esperar que essa contração do PIB no segundo trimestre deste ano “seja seguida de recuperação gradual nos dois últimos trimestres do ano, repercutindo diminuição paulatina e heterogênea do distanciamento social e de seus efeitos econômicos”.
Ao detalhar os componentes da estimativa para o PIB de 2020, o BC estimou crescimento de 1,2% da agropecuária, retração de 8,5% no nível de atividade da indústria e recuo de 5,3% no setor de serviços (com o comércio registrando uma contração de 10,8%).
Pelo lado da demanda, a estimativa é de uma queda de 7,4% no consumo das famílias e de 13,8% nos investimentos (formação bruta de capital fixo).
- Para o mercado financeiro, o PIB terá uma contração de 6,50% neste ano
- O Banco Mundial prevê uma queda de 8% no PIB brasileiro em 2020
- O Fundo Monetário Internacional estima uma contração de 9,1% para a economia brasileira
Em entrevista coletiva, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que considera a previsão do FMI para PIB brasileiro “bastante pessimista”.
“Aparentemente, a projeção do FMI tem um elemento inercial muito maior. Entendemos que a forma com foi feita acaba atrelando essa crise a outras, que têm componentes diferentes. Nossa projeção, de 6,4%, tem viés de melhora”, disse ele.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos. Nos três primeiros meses de 2020, foi registrada uma retração de 1,5% na economia brasileira.
Inflação e taxa de juros
O BC também informou que a sua estimativa de inflação para 2020, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou de 2,6% (em março deste ano) para 2,4%.
Essa previsão considera a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio neste ano e no próximo.
Em outro cenário, que considera taxa de juros (Selic) e câmbio estáveis, por sua vez, a previsão do Banco Central para a inflação oficial deste ano recuou de 3% para 1,9%.
As previsões estão abaixo das metas de inflação. Neste ano, a meta central de inflação é de 4% e terá sido oficialmente cumprida se o IPCA oscilar de 2,5% a 5,5%.
- Quando as estimativas para a inflação estão em linha ou abaixo das as metas, o BC pode reduzir os juros.
- Quando previsões estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.
- Se a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
O mercado prevê que a inflação oficial fique em 1,60% este ano e em 3% em 2021.
Para 2021 e 2022, no cenário de mercado (Selic e câmbio projetados pelos bancos), o Banco Central projetou uma inflação de 3,2% nos dois anos. Em março, no relatório de inflação anterior, as duas projeções estavam em 3,2% e 3,3%, respectivamente.
Sobre a taxa básica de juros, que está na mínima histórica de 2,25% ao ano, o BC informou que o “espaço remanescente para a utilização de política monetária [novo corte nos juros] é incerto e deve ser pequeno”.
“Para as próximas reuniões, o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”, acrescentou.
Nesta quinta-feira, Campos Neto negou que a instituição tenha abandonado as metas de inflação.
“Não vamos abandonar a [meta de] inflação. O que dissemos é que acreditamos que a política monetária [definição dos juros para atingir a meta de inflação] ainda tem espaço. De forma alguma, abandonamos a [meta de] inflação e de forma alguma abandonamos [seu atingimento em] 2021 para atingir em 2022”, declarou.
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