Em agosto, os transportes passaram a operar 20,2% acima do nível pré-pandemia de covid-19, de fevereiro de 2020
Os serviços prestados às famílias mantêm a trajetória de recuperação gradual, mas permanecem aquém do patamar pré-pandemia. O bom desempenho do setor de serviços como um todo nos últimos meses é impulsionado pelos segmentos de tecnologia da informação e transporte de cargas, avaliou Luiz Almeida, analista da Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na média global, o volume de serviços prestados cresceu 0,7% em agosto ante julho, com avanços em três das cinco atividades pesquisadas. “Por causa da base de comparação elevada, o setor de serviços tem perdido um pouco seu ímpeto”, disse Almeida.
O segmento de outros serviços cresceu 6,7%, mas Almeida lembra que vinha de uma queda de 5,0% no mês anterior. O setor de informação e comunicação avançou 0,6%, e os serviços prestados às famílias teve uma elevação de 1,0%, o sexto crescimento seguido, período em que acumulou um ganho de 10,7%, ainda insuficiente para ultrapassar o período pré-pandemia.
Segundo ele, o setor tem recomposto boa parte do patamar perdido na pandemia, após ter sido o mais prejudicado pela crise sanitária. “Mas tem se aproximado (do nível pré-covid), mas de uma maneira mais lenta, e vem reduzindo essa diferença a cada mês”, contou. “Talvez a explicação venha por parte da renda.”
Combustíveis
A deflação vista nos últimos meses ainda ficou muito concentrada em combustíveis, sem impacto direto na Pesquisa Mensal de Serviços. “Talvez com a redução dos gastos das famílias com combustível elas possam direcionar (renda) para outras atividades”, sugeriu o pesquisador.
Ele lembra, porém, que outros serviços permanecem com elevação de preços, como a alimentação fora de casa. “Pode ser que por essa deflação estar concentrada ainda, ela não atinge o setor de serviços prestados às famílias”, afirmou.
Na passagem de julho para agosto, os transportes recuaram 0,2%, e os serviços profissionais, administrativos e complementares ficaram estagnados (0,0%). “O setor de serviços é muito diverso. São múltiplos os fatores que vão impactar o setor de serviços”, frisou. “O setor de serviços é um gigante, então ele costuma se mover de forma mais lenta.”
Após a alta no volume de serviços prestados no País em agosto ante julho, o setor passou a funcionar em patamar 10,1% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. O desempenho é heterogêneo entre as atividades investigadas, confirmou Almeida.
Em agosto, os transportes passaram a operar 20,2% acima do nível pré-pandemia de covid-19, de fevereiro de 2020, enquanto os serviços prestados às famílias ainda estavam 4,8% abaixo. Os serviços de informação e comunicação estão 14,1% acima do pré-pandemia, e o segmento de outros serviços está 3,4% além. Os serviços profissionais e administrativos estão 5,7% acima do patamar de fevereiro de 2020.
Beneficiados pelas características da pandemia, os subsetores de transporte de carga e de tecnologia de informação são os que alavancam o setor de serviços como um todo.
“Têm contribuído para o bom desempenho do setor de serviços nos últimos meses”, afirmou Almeida. “Se destacar por que o setor de serviços está se comportando tão bem, sem dúvida será por causa desses dois setores”, completou.
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